Empresários vão além do pet shop para faturar com cão e gato
Creche Dog Solution, em São Paulo: horários e atividades de socialização. Crédito imagem: Divulgação/Dog Solution.
Caça ao tesouro, massagem, hora da soneca e da brincadeira com os outros alunos. Parece a rotina de uma escola infantil, mas é o dia a dia de creches para gatos e cachorros. A explosão no mercado pet aconteceu há alguns anos. Milhares de pet shops foram abertos para atender a demanda de cães e gatos, especialmente em serviços de banho e venda de produtos específicos para este mercado. Agora, o segmento pet começa a crescer em outros lados.
Hoje,
o Brasil é o segundo maior mercado mundial de itens pet. São mais de 50
milhões de cães e gatos, a segunda maior população do tipo no mundo. De
acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para
Animais de Estimação (Abinpet), o setor faturou 15,2 bilhões de reais
em 2013, um crescimento de 7,3% em relação a 2012.
Alimentação
ainda responde por mais da metade do faturamento, mas a área que mais
cresce é a de serviços, com 19% do mercado e avanço de 26% entre 2012 e
2013. É neste segmento que o empresário Aldo Macellaro Jr atua.
Veterinário
e fundador do Clube de Cãompo, o empreendedor começou o negócio em
1996, oferecendo hospedagem do tipo “hotel fazenda” para os animais. “Eu
fui viajar e precisei de um lugar para deixar meu cachorro. Só
encontrei lugares apertados, sem espaço em clínicas veterinárias. Na
volta da viagem, veio a ideia de fazer um hotel no interior”, explica.
Localizado
em Itu, interior de São Paulo, o Clube de Cãompo tem 60 mil metros
quadrados e até planos de hospedagem permanente para os animais. “A
gente funciona como um clube, com recreação, creche, esportes, educação
básica e hospedagem. Hoje, temos 20 cães moradores aqui, de pessoas que
se mudam e não podem mais ficar com o cachorro”, diz Marcellaro.
Com
crescimento de 18% ao ano, o negócio fatura 1,2 milhão de reais. O
plano “vip”, que inclui creche e hospedagem sem limites de diárias,
custa 900 reais mensais. “O perfil do público aqui é bastante variado,
normalmente são pessoas que prezam muito pelo cachorro e procuram o
melhor para ele”, conta o empresário.
A
dedicação e o cuidado com os animais foram determinantes para
impulsionar o mercado de creches. Com atividades hora a hora, os animais
são estimulados a socializar e fazer exercícios durante a rotina
diária.
Na
creche Dog Solution, na zona sul de São Paulo, a agenda inclui caça ao
tesouro, massagem, exercícios físicos e desenvolvimento dos cinco
sentidos. “Não é um espaço para correr atrás de bola o dia inteiro. Nem
todos os cães gostam de ficar brincando de bolinha ou mesmo com outros
cães. Você tem que saber o que cada um precisa”, explica Renato Zanetti,
dono da creche, que fatura 600 mil reais ao ano.
No
mercado há quatro anos, Zanetti resolveu aproveitar o bom resultado da
creche para dar origem a um novo negócio, a Dog Consult. “Eu percebi que
tinha uma demanda muito grande que queria abrir um negócio parecido e
veio a ideia de montar uma consultoria”, diz.
Com
formação em zootécnica, gestão e marketing, Zanetti já desenvolveu 22
projetos de creches para outros empreendedores. Sua dica para quem pensa
em entrar neste mercado é buscar informação e ir além do amor pelos
animais. “Tem que conhecer sobre o comportamento dos cães. Não adianta
só gostar de cachorros, tem que saber de linguagem corporal e bem estar
animal”, ensina.
É
para disseminar informação que os sócios Lucas Almeida, Adriano Borges,
Rodrigo Arjonas e Ricardo Tubaldini criaram o portal CachorroGato. A
plataforma online de textos e dicas para donos de animais ajuda também a
encontrar produtos e serviços.
Criado
em julho de 2013, o negócio nasceu com um investimento de 400 mil
reais, feito por um grupo de veterinários. “Somos um marketplace para
donos encontrarem serviços do segmento pet”, define Almeida.
Segundo
o empreendedor, quase 90% dos proprietários de pequenas empresas do
mercado pet não têm presença online. “Ele consegue trazer novos clientes
do bairro e fidelizar com ferramentas de lembretes de vacinas, por
exemplo. A gente tem mil fornecedores cadastrados e usando a plataforma
diariamente para controlar seus negócios”, diz.
A
startup fatura com assinaturas dos donos de estabelecimentos. “A gente
pretende lançar na Argentina e em mais cinco países até o final do ano.
Já geramos quatro mil negócios para esses mil fornecedores e atingimos o
ponto de equilíbrio em sete meses. Agora, vamos atrás de conseguir um
investidor para a expansão internacional”, conta Almeida.
Dicas para entrar no mercado
Ainda
em expansão, o mercado pet pode ser uma opção para muitos
empreendedores que se identificam com o segmento. Os desafios, no
entanto, são diários. “Tem que ter muita paixão pelo negócio e tem que
estar todo dia acessível. Cachorro demanda todos os dias e tem que ter
tempo em feriado, final de semana”, diz Zanetti.
Para
Almeida, convencer o mercado de que vale a pena estar online ainda é um
problema. “Nosso desafio é realmente evangelizar o mercado no que tange
à parte tecnológica. Outro desafio é acabar com o amadorismo tanto na
parte social, de cachorros perdidos na rua, quanto na de negócios”,
opina.
Pesquisar
o mercado e estar em dia com todas as regras legais é essencial. “A
pessoa tem que se informar muito antes porque realmente existem muitas
variáveis neste negócio. É preciso ter um veterinário presente, manter a
equipe treinada e motivada e seguir a legislação, que vem apertando em
muitos sentidos”, diz Macellaro.
Priscila Zuini
Exame.com - São Paulo
Fonte: Exame.com
Priscila Zuini
Exame.com - São Paulo
Fonte: Exame.com
Empresários vão além do pet shop para faturar com cão e gato
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