Materia com a qual colaboramos para a revista AU, da editora PINI.

Tecnologia

 

Como especificar

Os requisitos técnicos e subjetivos para o projeto de lojas comerciais

POR VALENTINA FIGUEROLA

Edição 254 – Maio/2015
Conceito da marca, público-alvo, valor de investimento, objetivos do cliente, características dos produtos, do mercado e do ponto da loja são diretrizes que constam no briefing. Para interpretá-las e transportá-las para o projeto, criando um espaço de venda funcional e que desenvolva fisicamente os atributos estéticos da marca, o arquiteto precisa de conhecimento multidisciplinar.
O alinhamento do projeto de arquitetura com o conceito da marca envolve elementos de fácil entendimento, como logotipos, cores e padrões gráficos, mas também deve contemplar valores e estilo de vida. “Transportar isto para um projeto de arquitetura é tornar físico um conjunto complexo de ideias e conceitos”, afirma o arquiteto Flávio Radamarker, sócio-diretor do Arquitetar – Arquitetura de Varejo, e membro do Retail Design Institute, associação internacional fundada nos Estados Unidos que congrega profissionais ligados à criação e ao projeto de imagens para o varejo.
A classe socioeconômica do público-alvo também orienta a linguagem arquitetônica. Segundo Flávio, em lojas do segmento de luxo, o requinte decorre da combinação de materiais nobres, linhas sóbrias, cores escuras, iluminação cênica, aromas e sons sofisticados. “Já nas lojas voltadas para o mercado popular, predominam cores mais vibrantes, materiais de maior durabilidade e iluminação mais viva”, completa.
Em qualquer projeto de loja, um ponto crítico é o piso, pois os ambientes são de circulação intensa. Em sua especificação, o arquiteto deve estar atento às normas definidas pela ABNT e às informações fornecidas pelos departamentos técnicos dos fornecedores e fabricantes. Uma loja que utiliza carrinhos, como os de supermercado e lojas de brinquedos, exige pisos de altíssima resistência, como granitos e porcelanatos. “Já em uma butique, pode-se utilizar piso de PVC, que é durável, possui ótima resistência e é lavável”, sugere Gil Nóbrega, do escritório Gil Nóbrega Arquitetura.
O forro drywall, um dos mais empregados em lojas, permite ao arquiteto criar formas variadas, inclusive curvas, com rebaixos, sancas e contornos. Mas, de acordo com Flávio, tetos muito elaborados e recortados, com muitas sancas e desníveis, podem tirar a atenção do consumidor do plano de exposição para o teto. “Atualmente, em lojas mais descoladas e de atmosfera mais informal, o teto permanece com as instalações aparentes, sem forro ou rebaixo. Mas isso exige uma execução correta e compatibilizada das instalações e da iluminação.”
A vitrine deve dispor de uma comunicação clara, objetiva e eficiente, sobretudo em shopping centers, onde a diversidade e a proximidade de lojas é muito grande. O projeto também deve evitar o excesso de informação e garantir a visão clara e desobstruída dos produtos. “Cada vez mais as lojas estão ampliando suas portas e diminuindo ou eliminando as vitrines, porque os grandes vãos convidam o cliente a entrar e facilitam a visualização dos produtos expostos”, explica Marina Debasa, arquiteta do Arquitetude, escritório especializado na criação e execução de projetos de arquitetura comercial.
Para o arquiteto Gil Nóbrega, um dos grandes desafios dos projetos de lojas é garantir a exposição máxima dos produtos e, ao mesmo tempo, o conforto do consumidor. “Isso envolve a especificação de mobiliário adequado e layout funcional, sem obstáculos às pessoas com dificuldade de locomoção. O consumidor deve poder percorrer todos os espaços da loja sem dificuldade e os funcionários, por sua vez, não devem precisar de muito deslocamento para buscar uma peça”, explica Gil.
A norma ABNT NBR 9.050:2004 trata de acessibilidade nas edificações e espaços urbanos. “O arquiteto deve estar atento a questões como acesso em nível ou com rampa de inclinação suave, circulação interna que conecte todos os ambientes, com largura mínima de 0,90 m e 1,20 m (a mais recomendada), provador acessível, balcão de atendimento e pagamento mais baixo”, explica Elisa Prado, arquiteta especializada em consultoria e projetos de acessibilidade.
Os níveis de iluminância média para cada ambiente se encontram na ABNT NBR ISO/CIE 8.995:2013, que também indica o índice de reprodução de cores (IRC) adequado para cada atividade realizada na loja. “Deve-se utilizar fontes luminosas com IRC mínimo de 80 nos provadores e áreas de exposição de mercadorias”, explica a profa. dra. Cláudia Naves David Amorim, vice-diretora da FAU da Universidade de Brasília e coordenadora do Laboratório de Controle Ambiental (Lacam). Ainda de acordo com a NBR 8.995, a iluminância para área de vendas de varejo deve ser de 300 lux a 500 lux. Em circulações e corredores, o valor ideal é de 100 lux. “No caso dos provadores, em que não há indicação específica na norma, pode ser considerada a recomendação para camarins, que é a de 300 lux”, acrescenta Cláudia.
Próxima página

Fontes:
http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/254/os-requisitos-tecnicos-e-subjetivos-para-o-projeto-de-lojas-346163-1.aspx

http://iabto.blogspot.com.br/2015/06/os-requisitos-tecnicos-e-subjetivos.html